História de Gáfete
Havia no concelho do Crato um lugar chamado Gáfete, povoação muito antiga. O seu nome mostra que já existia pelo menos no tempo em que os árabes dominaram a península. Segundo o censo de 1527, ordenado por D. João III na primeira metade do século XVI, Gáfete era uma povoação pequena. Diz assim textualmente o livro do número dos moradores: “Termo I – Há uma aldeia que se chama Gaffete, 2 légoas da vila a norte, que tem 105 moradores das quais 16 viúvas e 16 molheres solteyras, que vivem por sy, sam trez e dous crellegos – CV“.
No século XVII a população tinha aumentado muito. Durante a Guerra da Restauração os moradores de Gáfete combateram arduamente os castelhanos. Como a terra não tinha muralhas, construíram uma trincheira de pedra e assim puderam resistir às investidas dos inimigos que, durante 28 anos, por todos os meios tentaram dominar Portugal.
Nesse tempo ainda Gáfete não era vila. Tinha, porém, já um termo com jurisdição civil, 2 juízes, 2 vereadores e 1 procurador do Concelho. Tinha além disso 1 Capitão – mor, 1 Sargento – mor, duas Companhias de Ordenanía e 1 Auxiliar, os quais na Guerra da Restauração prestaram bons serviços, quer em campanha quer nas guarnições das povoações vizinhas fortificadas. Reinava D. Pedro II quando da investida do inimigo ao lugar de Gáfete. Este Rei sabedor do feito dos nossos antepassados, quis recompensar tão valentes homens, mas os nossos antepassados, cheios de amor pela sua Terra, e no desejo de a engrandecer, pediram uma única coisa ao Rei: “que lhes fizesse mercê de fazer Vila ao dito lugar”.
Nesta petição a D. Pedro II diziam que “estando o dito lugar junto de Castela, pelo valor com que sempre lhes resistiram”. Em vista da informação favorável do Provedor da Câmara de Portalegre, dos Oficiais da Câmara do Crato e do Provedor da Coroa, D. Pedro II concedeu a “mercê” que lhe era pedida, passando o respetivo Alvará em 20 de Dezembro de 1668, precedendo o pagamento de 56$000 réis. A Vila teve a designação de: Vila Nova de S. João Baptista de Gáfete. O “termo” era pequeno, tinha apenas uma légua e meia de comprimento por uma légua de largura. Mas o lugar de Gáfete, mereceu passar a ser uma Vila!
Em 1758 já tinha 207 “vizinhos”, nome que se dava às famílias que constituíam a Vila de Gáfete, e uma população de 569 almas (pessoas).
A indústria da tecelagem caseira teve um relativo desenvolvimento, havendo um selador privativo dos panos de Gáfete. No livro 28 das Chancelarias reais, a folha 52, vem uma carta para as suas tecedeiras terem pesos de ordenação. E no livro 3 das mesmas chancelarias, vem outra carta concedendo a Domingos Afonso a propriedade do ofício de selador dos panos de Gáfete;
Em 1644 a Câmara de Gáfete passou a pagar Fazenda 20$000 réis.
Só uma última nota para vermos a importância que Gáfete tinha no século XVI. No recenseamento mandado fazer por D. João III em 1532 viu-se que Gáfete tinha na altura 105 moradores e Tolosa só tinha 42 moradores.
(Notas recolhidas pelo professor Viriato Nunes Crespo, através do professor Manuel Subtil (Torre do Tombo 105 Gaveta 5 – Março 1, nº 47))
NOTA: Meu Povo. Minha gente. Mundo. Gente do Mundo. Venham a estas terras. Venham a estas terras de Gáfete visitá-las. Se puderem ficar fiquem. Não podendo que no vosso coração levais uma lembrança de um Alentejo desertificado. No vosso coração irá o sorriso de uma criança e eu assim o sinto e 0 tenho que gostais muito dela.

Gáfete
A Vila de Gáfete, é uma vila calma e pacata, constituída pelos seus 1100 habitantes, cujo o seu orago é o S. João Batista, a quem muito são devotos.
Freguesia situada numa planície da margem esquerda da Ribeira de Sôr, Gáfete dista cerca de 15 quilómetros da sede concelhia. Ocupa uma área de 38,49 Km2.
Existem nesta freguesia indicações arqueológicas, sepulcrais, de que este território foi povoado em épocas muito recuadas, talvez pré-romanas pois que em muitos sítios aparecem sepulturas cavadas na rocha. A par das sepulturas, é também de assinalar a existência de edificações dolménicas, das quais foram encontrados muitos vestígios durante a primeira metade do nosso século.
Gáfete foi umas das 12 Vilas do Priorado do Crato. Teve foral novíssimo – nome por que são conhecidos os poucos forais atribuídos depois do reinado de D. Manuel – dado por D. Pedro II em 1688. Passou então a chamar-se Vila Nova de S. João Baptista de Gáfete, acabando por volta á antiga denominação.
O concelho de Gáfete durou até 1836, ano em que foi extinto, sendo então integrado, como freguesia, no concelho de Alpalhão, onde se manteve até 3 de Agosto de 1863.
O Concelho de Gáfete tinha Misericórdia, Hospital e Casa da Câmara cujo edifício, hoje sede da Junta de Freguesia, foi construído em 1690. Implantado num largo no centro da povoação, conserva uma interessante fechada do lado sul que se destaca pelo trabalho em cantaria do seu piso térreo, onde se rasga um antigo portal, hoje janela, do século XVII.
Num painel de granito pode ler-se o ano de fundação, indicando a data de 1690 e, ainda, uma escadaria externa em granito que conduz ao piso superior, com portal e quatro janelas de moldura granítica. No lado oeste, vê-se a continuação do painel de granito do lado sul, onde se encontram duas arcadas em granito, traça primitiva do velho edifício.
Pontos de Interesse
Gáfete é uma vila situada no concelho do Crato, no distrito de Portalegre, Portugal. Com uma história secular, destaca-se pela atribuição do “Novíssimo Foral” pelo Rei D. Pedro II.
Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa
Localizado na freguesia de Flor da Rosa, este mosteiro é um dos principais monumentos da região, representando uma fusão de estilos arquitetónicos gótico, manuelino e renascentista.
Castelo do Crato
Situado na vila do Crato, este castelo medieval oferece uma vista panorâmica sobre a região e testemunha a importância histórica da localidade.
Igreja Matriz de Nossa Senhora das Neves
Localizada em Gáfete, esta igreja paroquial é um exemplo da arquitetura religiosa local e ponto central da comunidade.
Fontes Históricas
A região conta com várias fontes antigas, como a Fonte Branca, Fonte do Álamo e Fonte do Laranjo, que refletem a importância da água para as comunidades locais ao longo dos séculos.
Moinhos de Água e Pontes Antigas
Nas redondezas, é possível encontrar ruínas de moinhos de água e pontes antigas, como a Ponte Romana, que evidenciam as antigas infraestruturas utilizadas pela população.


Além destes, a região de Portalegre oferece outros locais de interesse, como o Castelo de Alegrete, uma fortaleza medieval que desempenhou um papel significativo na defesa regional durante a Idade Média.
A visita a Gáfete e arredores proporciona uma experiência rica em história, cultura e património arquitetónico, refletindo a identidade única do Alto Alentejo.